Gostaria de lembrar o motivo pelo qual a PM está no campus: "As negociações foram suspensas no dia 25 de maio após um grupo de cerca de 30 alunos invadir o prédio da reitoria da USP. Os universitários permaneceram no local por cerca de cinco horas e, segundo a reitoria, arrombaram portas e quebraram janelas. Prejuízos que podem totalizar R$ 10 mil, de acordo com a universidade." Para evitar coisas desses tipos. PARABÉNS PELA DEFESA DO ESPAÇO PÚBLICO! É essa imagem que vocês passam à sociedade civil...
Ah, e por favor, tenham escrúpulos: não deletem meu comentário, afinal a mesma constituição que garante o direito à greve, também garante o meu direito à livre expressão! ABAIXO A REPRESSÃO REALIZADA PELO MOVIMENTO ESTUDANTIL!
Prezado Carlos, Não compareço às assembléias por alguns motivos bastantes plausíveis: 1. preciso me sustentar; 2. Assembléia de estudantes não é um espaço de debate público, pois se o fosse, as propostas não seriam discutidas atrás da mesa. Além disso, a liberdade "positiva" (espero que você conheça este termo, caso contrário leia Isaiah Berlin, "Dois conceitos de liberdade") que impera em tal espaço é de tamanha autoridade que impede a possibilidade de haver qualquer diversificação de opiniões; requesito este, vale lembrar, ESSENCIAL para a existência de uma debate público legítimo! 3. e por fim, assembléias estudantis, tais como ocorrem na usp, são extremamente repressivas, na medida em que se houvee um pequeno desvio da conduta dos "verdadeiros interesses comuns dos estudantes", as pessoas portadoras de tal desvio serão rechazadas. Tal como você acabou de fazer ao me ofender e me chamar de "bunda mole"! Portanto, "companheiro" ou "colega" Carlos, creio que demonstrei para você que o motivo pelo qual não compareço nas assembléias não é o fato de eu ser um "bunda mole", mas sim devido ao fato de vocês fazerem TUDO, menos a defesa do espaço público! Passar bem!
Caros, como disse no meu post anterior, em minha faculdade as aulas continuaram. Então, tenho que estudar pois estou aqui para isso e é para isso que os brasileiros pagam minha permanencia alem disso , como Oestudante, trabalho. Tambem, o que vi em poucas assembleias que ASSISTI foi um bando de revolucionários vestindo Lacoste, cheirando a Armani e fumando LA (Eu chamo de comunas de boutique), discutindo como manter a anarquia estudantil como se estivessemos nas decadas de 1970 e 1980. Com tudo isso, e alem disso se alinham ao sintup - Um bando baderneiro e politico que usam a causa justa dos funcionários para se promoverem - o que aumenta ainda mais o descredito do DCE junto a mim e á maioria dos estudantes da USP. Enfim por isso e para não participar deste tosco espetaculo não participo - eu e 90% ou mais dos estudantes da USP -, um forte a braço e bunda-mole
também sou estudante e esse é o meu trabalho, pois recebo uma bolsa para fazer pesquisa. Eu faço muito bem esse trabalho, mas me dedicar aos estudos não significa que eu deva ficar alheia aos problemas da nossa sociedade, pelo contrário, acredito que minha situação exija de mim uma análise e divulgação desses problemas pra essa mesma sociedade. Como estudante, eu tento ir além do senso comum, o que claramente não está acontecendo com vcs dois. Em primeiro lugar, repressão não é só aquela feita no braço, pois hoje vivemos uma repressão disfarçada que faz com que todos achem ela uma ilusão. Leis são impostas de maneira unilateral, sem discussão pública; o sistema jurídico tem uma autonomia que sobrepuja as decisões democráticas, impondo interesses de grupos da elite; uma censura velada, mesmo uma auto-censura, destruiu o potencial crítico da grande imprensa; os planos de carreira e os programas de qualidade do mundo corporativo impossibilitam a formação de sindicatos e a autonomia da classe trabalhadora. Na televisão, nos jornais, nas relações de trabalho, nas entrevistas de emprego, na publicidade, em todos os lugares, nos é imposto um modelo específico de ideologia baseado nos mitos da valorização do trabalho e do crescimento econômico, que estão em flagrante contradição com as condições do planeta. Um exemplo aqui da usp: em nome da "segurança", colocamos grades, câmeras, aumentamos o contingente policial, mas isso não faz mais que excluir os pobres de onde a classe média circula: segurança = não pobres. Sabia que há alguns anos, nos finais de semana, a usp se tornava um grande parque, lotado de famílias que vinham se divertir? Hoje, só quem tem carteirinha entra nos fins de seman, e é esse o "espaço público" que vocês tanto reinvidicam e "defendem" das manifestações e que, obviamente, não é de fato público. Na fflch, onde havia diversas mesas em espaços abertos, elas foram todas arrancadas, e hoje o estudante tem duas opções: vai para a sala de aula ou vai pra casa. Não há espaço pra contato, pra discussão, pra lazer com os amigos(que então vão se encontrar no shopping, ou num bar da vila madalena) o que só intensifica o individualismo e o consequente egoísmo que leva, por exemplo, a encararmos um espaço como o dce como um mero instrumento de conseguir aluguéis, e uma pequena sala em que a burocracia estudantil faz os seus trâmites duvidosos. Pra que mais, não é? Se tudo fica muito bem com cada um levando a sua vida e os que tem autoridade decidindo os assuntos comuns...
Em segundo lugar, mesmo pra quem acha que tudo está bom como está, a situação não está normal: os funcionários tiveram um dirigente político demitido, que claramente serve de laranja e de exemplo para outros militantes dos funcionários, sem contar que isso abre precedente para outras demissões políticas, mesmo jubilamento de estudantes. Mais de 5200 deles estão para ser demitidos, devido a problemas no seu processo de contratação. O plano de carreira abre caminho para a dissolução da organização sindical e é mais um passo para a extinção dessa classe, que já está em processo de desaparecimento. Assim, restarão, como será muito confortável pra quem quer constantemente atendidos o seu direito de circular e bandeijão, somente funcionários terceirizados, sem a mínima autonomia para lutar por suas condições de trabalho. Enfim, a tropa de choque entrou no campus. Aqui não é repressão velada não, é óbvia mesmo, pois eles entraram pra impedir o piquete, uma atividade legítima de greve, que estava acontecendo todos os dias na porta da reitoria. esse tipo de reação não ocorre há muito tempo, desde a ditadura, para ser mais clara. E pra quem acha essa aproximação com a ditadura absurda, como o Aloisio, que fique sabendo que também na ditadura (em que a repressão é um consenso pra nós hoje) a classe média não apoiava os esquerdistas; a maioria, como vcs hoje, era contra as manifestaações e a favor da intervenção violenta da polícia. Bem, se as coisas não estão normais, devemos agir como se elas estivessem normais, para assim as tornar normais? Alguém tem que discutir, alguém tem que expor os problemas, alguém tem que colocar um motivo de reflexão nessa cabecinha de vocês, se não, veja o que vira: "polícia vai em prédio da história a pedido de estudante que não conseguiu entrar nas salas devido à piquete". Muito normal usar a violência contra quem ameaça a nossa normalidade... É porque não está normal que devem ser feitas ocupações, fechamento de ruas, etc. Te garanto, estudante, muito mais dinheiro público é gasto com a exclusão de pobres que com uma ocupação da reitoria. Pra terminar, sobre as assembléias e o movimento estudantil. Eu não faço parte de nenhuma organização política e conheço somente há três anos o movimento estudantil. Na minha opinião, ele é um movimento decadente, mas não por causa dos ideias de esquerda, e sim pela falta deles. Gande parte dos militantes, mas de modo nenhum todos, está muito mais preocupado com a carreira política que com os problemas estudantis, sendo que o discurso esquerdista é uma forma de promoção e a prática é toda orientada pela ideologia dominante a que me referi acima. É importante que o movimento estudantil mantenha uma posição esquerdista radical, não tanto para mudar o mundo, mas para contrapor, pra motivar discussão, pra mover a dialética, pra não permitir que todos achem que estamos vivendo no melhor dos mundos, que a competição e o individualismo são "naturais do ser humano" e que nós não podemos fazer nada em relação a problemas mais amplos.
Fazer o que, o movimento estudantil está no mundo real também, e não pode ser instantaneamente o que é idealizado por alguns militantes. As assembléias são uma bosta, e eu acho que sua estrutura deveria ser alterada radicalmente e urgentemente. Mas, quando se trata de questões importantes como a que estamos vivendo no momento, eu participo delas até o fim, não importa o quão maçantes e excludentes (pois poucos estudantes têm paciência pra essa atividade tão burocrática) elas sejam. Já vocês, não vão à assembléia por causa das coisas que falaram, vcs não vão porque acham que esse problemas não existem, e se existem, não dizem respeito a vcês. Com um discurso totalmente racional e pragmático, como não dar razão a vcs? Mas um pensamento lógico, que pode ser feito por uma máquina, não tem o alcance que tem um pensamento humanista. Vocês não vão às assembléias porque acreditam que basta a vocês levarem a sua vida, se formarem, e todo o resto que se exploda, vcs não vão às assembléias porque acham que não devem ser meter em questões que devem ser atribuídas a instâncias superiores. O argumento de que "ah, eu trabalho", "ah, eu não posso me expressar lá", "ah, não há diversidade de opiniões", não cola, pois se vcs defendem tanto um estado de direito, deveriam usar dos meio legítimos para lutar por ele. Ah, mais uma coisa. A causa dos funcionários é justa, não é, aloisio? Então, quem vc acha que deve lutar por elas? A sua fala contra o sindicato só revela o seu incômodo frente a uma organização que briga pelos seus direitos; qualquer outro grupo lutando por essa causa justa vc chamaria de bando de baderneiros. Bem, espero que vcs tenham lido tudo. Só pra terminar, estudante, vc é um bunda-mole sim. Essa sua linguagem austera não revela mais que o muro que vc ergueu para se defender. Não falar seu nome, colocar um apelido de "o estudante" e achar que com isso representa os interesses de um grupo "procupado com coisas realmente importantes e fazendo bom uso do dinheiro público" só deve provar que você sim, e não eu que estou fazendo parte desse movimento de estudantes, faz parte de uma massa de carneirinhos homogênea, cega para sua própria condição reprimida.
Prezada Joana, Primeiramente irei insestir no respeito: por favor, não me ofenda, não me chame de "bunda mole", pois até o momento não ofendi uma pessoa neste ambiente virtual de debate. Além disso, a ofensa acarreta no medo, e já que você também estuda, deve terl lido em Cícero que o medo é completamente prejudicial à manutenção do espaço público (concepção esta, pelo menos segundo o meu entendimento, REPUBLICANA). Talvez devido ao medo eu não assine com o meu nome, e talvez devido ao medo eu não compareça às assembléias. A propósito, grandes ativistas políticos assinavam seus documentos com nomes falsos, em virtude do medo da repressão. Portanto, essas pessoas eram "bundas moles"? Não que eu seja um grande ativista política, pelo contrário, e segundo vocês, sou apenas um "bunda mole" egoísta que se preocupa com seus próprios interesses. De fato, é este o esteriótipo que o movimento estudantil cria das pesoas que se desviam da conduta esperada! Mas, iremos ao que interessa, de tal forma que discutir apenas sobre mim ou sobre sua falta de respeito perante aos colegas que compõe o espaço público (vale lembrar que o vínculo da amizade é a coesão do espaço público) é irrelevante. Quanto ao fato de eu permanecer alheio aos fatos que ocorrem e quanto ao fato de eu precisar diagnosticar à sociedade os problemas existentes, irei lhe responder da seguinte forma. Primeiramente, eu conheço várias pessoas do movimento estudantil que não pretendem fazer licensiatura, e portanto, não pretendem ministrar aulas nas escolas públicas. Fique sabendo que isso faz parte do meu plano de vida. Creio que desta forma irei contribuir com a sociedade. Infelizmente não sou tão bom (quanto você) em ser um excelente estudante, e, portanto, ser capaz de diagnosticar os verdadeiros problemas da sociedade, e portanto dizer a ela o que ela precisa ou não. E não estou inventando essa sua capacidade: você mesma afirmou ser boa no que faz! Quanto à repressão, posso dizer, infelizmente, que já senti na pele repressão policial. E ao dizer isso, não quero me glorificar ou mesmo que sintam pena de mim. Como Kafka falava, o sofrimento é um processo que todos devem passar, e o errado está justamente em querer se glorificar ou querer que sintam pena de você por isso. Eu já tive arma apontada na minha cara de Policial Civil, e inclusive já tomei uma "coronhada" nas minhas costelas. Portanto, sou contra PM no campus. Eu sabia sim que alguns anos a sociedade civil frequentava a USP. Inclusive foi na ESALQ-USP que eu aprendi a andar de bicicleta e de patins. Hoje já não é possível pois proibiram. Mas há motivos: houve uma série de estupramentos na ESALQ-USP. Eu realmente gostaria de ver você fazendo esse discurso às familias e às moças que foram violentadas sexualmente devido a ausencia de segurança. Portanto, sou a favor de mais seguraça na USP, mas não da PM, e talvez não de cameras. Talvez uma Guarda Universitária realmente preparada e em grande quantidade, como ocorre na ESALQ-USP.
Quanto ao individualismo, egoismo, alienação que imperam na sociedade, e mesmo ao senso comundo no qual, segundo você, minhas opiniõe se inspiram, é algo muito mais dificil de se encontrar remédios. Com certeza um remédio seria a participação política, por meio de debates públicos em espaço públicos. Para tanto, é essencial a existência de transparencia do debate, a observancia das leis da manutenção de tal debate e de tal espaço, e uma liberdade cujo caráter seja a ausencia de interferencia de poder arbitrario em tal debate e tal espaço. Esses seriam, grosso modo, os remédios que eu acredito que poderiam ajudar a solucionar tal problema. Mas, como você mesma disse, tal opinião é senco comum, e portanto Maquiavel, Cícero, Harrington, e, contemporaneos como Quentin Skinner e Pittit, possuem uma visão de senso comum! Que pena, eu gostava tanto desses autores! Pelo visto o único que conhece a única e verdadeira realidade é Karl Marx! Mas teremos cautela, não falemos muito na realidade, pois vai que ela resolva aparecer de fato, e daí...tudo pode se complicar! De fato, esse é o grande defeito do movimento estudantil: vocês acham que conhecem a unica e verdadeira realidade. Por isso, você me considerou uma pessoa alienada, egoista, individualista e de senso comum, e também um "bunda mole". Na medida em que as pessoas se afastam da matéria humana que vocês acreditam fielmente em ser a única e verdadeira, vocês consideram tal pessoa possuídora de tais adjetivos e muitos outros que seriam inapropriados reproduzi-los aqui! Eu não represento grupo algum que acredita saber qual o melhor lugar para gastar o dinheiro público. A propósito, devo agradecer o elogio: você enxergou austeridade e frugalidade a onde não há, e também enxergou astúcia de mais no meu dizer. Confesso que gostaria de ser uma pessoa mais austera e mais astuta...Mas não o sou! Se fosse austero não estaria aqui perdendo tempo escrevendo a você, mas estaria tomando conta dos meus investimentos. E se fosse astuto, com certeza eu estaria nas assembleias promovendo minha carreira política!
Devo lembrar que vc nem sempre foi tão respeitoso assim: em caixa alta apoiou a entrada da PM (diferente do que faz agora), ridicularizou o discurso em defesa do espaço público e reforçou a repressão feita pelo movimento estudantil. Bom, é fácil perceber que depois que a discussão engatou e vc pôde sair desses clichês do senso comum, esses argumentos caíram por terra e você pôde partir para um discurso mais estético do que político, consequentemente mais “pacífico”. Vejamos: em relação à entrada da PM, que vc defendia antes, acho que agora estamos de acordo; em relação à repressão e ao espaço público, creio que a minha resposta anterior não foi contradita pela sua, pelo contrário, o seu argumento em favor da “segurança” e a justificativa do estrupamentos não fez mais que reforçar os meus argumentos anteriores. Com relação à repressão do movimento estudantil, do que vc tem medo? De ser caçado, estuprado, assassinado pelo Brandão (pode acreditar, as fofocas sobre ele chegaram a isso)? Você está com medo de muitas coisas e isso se relaciona com a questão da repressão também. É justamente esse seu medo que justifica e legitima ações de repressão e autoritarismo, que agem em nome da “proteção” da população “de bem” contra “ameaças” de diversos tipos. Esse medo te faz buscar uma situação cômoda, confortável, passiva e cínica, na medida em que vc ornamenta seu discurso favorável à repressão imposta pela “ordem” com toques de sutil ironia. Para você, casos de estrupo são suficientes para legitimar a expulsão da população de baixa renda de um espaço que é público, DE TODOS. Você já parou pra pensar que tal medida repressiva não irá acabar com a causa dos estupros? Que mesmo que cerquemos todos os espaços dotados de alguma beleza paisagística, o medo irá persistir? O medo do movimento estudantil e dos funcionários justifica, então, a entrada da polícia? Seria a entrada da polícia, na sua opinião, um mal necessário, nesse caso? Parece que sim. Bem, lembremos que, uma vez que vc está do lado do estado, não deve ficar com medo de ser perseguido pela polícia, então é totalmente tendencioso querer comparar a sua situação com a de ativistas políticos. Fique sabendo que na última assembléia, que não teve aquelas repetitivas falas antes das votações, decisão tomada na hora pela assembleia, cada prosposta teve 14 minutos de defesa, e na proposta de greve, três pessoas foram até lá e defenderam contra a greve. Foram inicialmente rechaçados, mas rapidamente o ridículo da situação de prostetar contra eles fez com que todos ouvissem calados, e suas questões foram respondidas e discutidas pelas pessoas que defendiam a greve. Garanto a você: eles saíram de lá inteirinhos. Então tá, se você não aceita o eufemismo de “bunda-mole”, vou usar o termo que uma das pessoas que falaram contra greve usou, justamente pra se referir àqueles que eram contra todas essas manifestações e não se manifestavam às claras, mas nos corredore e em blogs: “covarde”.
O verdadeiro problema, estudante, não está no fato de quem faz parte do movimento estudantil ter uma visão limitada dos que não fazem, mas justamente o contrário. Veja bem, eu não faço parte do que você chama por esse conceito reificado de “movimento estudantil”, inclusive não me indentifico nem um pouco com politiqueiros e burocratas que contribuem pra essa imagem de monobloco, sou uma estudante comum, dedicada, conservadora em alguns aspectos, meu contato com as questões do movimento estudantil foi casual e minha identificação com algumas delas são sem o intermédio de uma bíblia ou de uma legenda. Ainda assim, apóio a greve, apóio a ocupação do dce, apoiaria a ocupação da reitoria, se ela acontecesse, e sou contra a repressão, sobre o que já discutimos. E, por isso, você insiste em dizer que eu tenho uma crença monolítica, uma atitude autoritária e um preconceito cego e irredutível contra quem pensa o contrário de mim. Pois, justamente por eu participar das minhas atividades cotidianas de estudante, eu tenho muito mais contato e amizades com quem pensa diferente de mim, pessoas que tem um pensamento próximo do seu, do quem com quem pensa parecido comigo nesses aspectos, pois eu te garanto que a esmagadora maioria das pessoas pensa muito mais como vc do que como eu (lembrando, nesses aspectos que estamos discutindo aqui), e meus colegas não são estereótipos para mim, são pessoas. É muito mais compreensível que alguém que nunca foi numa assembléia, numa reunião de discussão, numa festa no dce ocupado, que nunca está em nenhum protesto, não lê os boletins dos movimentos dos estudantes, dos funcionários, etc, tenha uma visão um distorcida das pessoas que participam dessas atividades, para vc, “um bando de baderneiros”. Se vc tivesse um conhecimento superficial de Marx, como tem dos autores que vc citou, saberia que as coisas que falei não são muito condizentes com as idéias dele...
Daqui, nós partimos pra uma questão importante: vc me acusou de acreditar que eu possuo toda a verdade (vamos falar de mim, já que essa reificação do movimento estudantil já pode ser abandonada). Pois bem, eu não acredito nisso e valorizo muito o pensamento relativista que aprendi a ter aqui na faculdade, que inclusive me ajudou a chegar a muitas das reflexões que falei pra você. Como eu disse muito claramente, a importância do radicalismo do movimento estudantil, na minha opinião (e alguns dos meus colegas que fazem parte do movimento estudantil não devem concordar com isso) não está na tentativa de fazer a revolução, mas está no seu papel (e acho que podemos concordar que esse é de fato um papel dos estudantes e mesmo da juventude, ainda não calejada pelo pragmatismo das relações sociais) de se contrapor a uma ideologia dominante, de mover a roda da dialética, de mostrar contradições muitas vezes veladas pela própria estrutura social e pelo aparato ideológico que a sustenta (como é o caso da repressão, de que falei nos tópicos anteriores). Assim como essa ideologia dominate não é uma verdade única, também não o é a sua antítese, e nem mesmo é possível uma só antítese. Acredito que somos todos homens históricos, nossas crenças e ideais têm caráter contingente, mas ainda assim elas não deixam de ser universais na medida em que alcançam resposta em todos os homens da nossa sociedade, bem como nas suas instituições, e na medida em que são elas mesmas respostas às minhas experiências, todas tendo lugar nessa cultura em que nasci. Ao contrário de você, não acho que porque grandes pensadores foram grandes pensadores que suas idéias devem ser corretas (veja bem, não entenda isso de maneira absoluta, a noção do que é correto, sabemos, é infinitamente maleável e condicionada historicamente) por isso, se Cícero e Maquiavel são autores que contribuíram para formar a base do senso comum de hoje (com o que vc concorda comigo), isso não diminui em nada o valor desses autores no quadro do pensamento ocidental. Pelo contrário, os torna mais importantes, uma vez que suas idéias estão ainda muito vivas entre nós. No entanto, isso não impede que ataquemos esse senso comum, ao invés disso, pede que tentamos avançar cada vez mais para além dele, pois nenhum desses autores ficou preso ao senso comum de sua época, e assim fizeram história.
Primeiramente, não acusei você de nada. Apenas derivei uma conseqüência lógica do seu argumento. Mesmo porque, acusar você de algo seria um equívoco da minha parte, haja vista ao fato de eu mal lhe conhecer – de não lhe conheço apenas virtualmente. Segundamente, creio que eu tenha dado margens a interpretações errôneas. Não acredito que Maquiavel, Cícero, Hobbes, Marx, etc. são autores que contribuíram para criar a base do senso comum de hoje. Mesmo porque, para eu acreditar nisto, eu devo ter um conhecimento muito amplo do que é esse bendito “senso comum” e um conhecimento muito amplo desses autores – infelizmente, até o momento, não possuo nem um nem outro, e espero um dia chegar próximo. Mas uma coisa eu acredito: a contribuição de Maquiavel, de Cícero, de Harrington, Aristóteles, enfim, todos os pensadores que podem, grosso modo, serem considerados Republicanos, suas contribuições são muito rarefeita na sociedade de hoje, pelo menos no que diz respeito à concepção que esses autores tinham de liberdade, de lei, de espaço público, etc. É claro que você poderá apontar exceções, e encontrará ecos de Maquiavel na sociedade contemporânea – afinal, as pessoas adquiriram o hábito de ler Maquiavel como autor de auto-ajuda. Mas são exceções! Creio que a sociedade de hoje seja marcada muito mais por valores liberais. Mas enfim, isso é apenas uma divergência acadêmica, e creio que dificilmente chegaríamos a um acordo, uma vez que você parte do ponto de vista marxista e eu do ponto de vista republicano. O seu grande Marx matou a política, na medida em que ele subordinou tudo à estrutura material da sociedade. Mas não quero discutir sobre isso, mesmo porque meu conhecimento em Marx é bastante escasso. Muito do que você falou, eu concordo, e concordaria com muito do que o movimento estudantil me falaria. E não me sinto mal em concordar com você ou mesmo em dar razão a você em alguns quesitos – como, por exemplo, o rechaço à presença da PM, como ser contra ao individualismo, ao egoísmo, à lógica pragmática... Sou contra também aos desperdícios do dinheiro público, em jardinagens... Nossa divergência creio eu, está nos remédios para solucionar tais problemas. Gostaria de contar um fato que presencie: nunca fui muito atento ao desenrolar das assembléias das ciências sociais, mas depois que um amigo meu (do movimento estudantil) me contou que muitas das propostas decididas em assembléias são discutidas atrás da mesa, ou mesmo no desenvolver da própria assembléia, quando os representantes dos diversos partidos ou grupos políticos conversam com as pessoas que compõe a plenária para votar em tal proposta e não na outra, ou mesmo quando a própria mesa decidi o que será votado ou não, ou mesmo quando se espera até tarde para esperar a assembléia esvaziar e assim votar as propostas, enfim, depois que meu amigo me contou todas essas práticas, eu comecei a observar e fui capaz de enxergar isto com meus próprios olhos. Inclusive, houve um dia, na última assembléia, que eu presencie pessoas da atual gestão do CEUPES discutindo sobre a vindoura assembléia (que naquele momento não ocorrera ainda), e, muito provavelmente, estavam discutindo sobre possíveis propostas. Ou seja, de acordo com tais práticas, as assembléias são tudo, mas não são debates públicos!
Você pode ter certeza que eu me sinto muito mal em não poder participar das assembléias, e em não poder mudar isso. Mas o que você acha que iria acontecer comigo se eu pegasse o microfone, em plena atmosfera de greve, e falasse que a greve tal como estava sendo construída não era legítima, pois não era de fato PÚBLICA! E não era, e não é pública, devido ao uso de tais mecanismos, e ao fato de não haver publicidade no debate. Você sabe quais foram as justas causas que o Brandão foi embora? Eu descobri depois de acessar o site do Diário Oficial! Eu também sei que foi demissão política. Enfim, a nossa maior divergência está no fato de você acreditar que a política é um espaço de interesse (se eu estiver errado me corrija, mas é a concepção de Marx da política), de quem tem mais recursos para prevalecer seus interesses sobre os outros. Além disso, sou contra a existência do poder oculto, ou seja, de decisões, dotadas de poder, tomadas na calada da noite, sem haver publicidade. Como eu afirmei: quanto maior obscuro e oculto o poder, mais ele será arbitrário. E tenho certeza que as decisões da reitora são ocultas, e não há publicidade. A pergunta que se coloca é o que fazer? Para mim deveria haver instituições que pudessem canalizar os conflitos, e pudessem dar publicidade total às decisões. E outras coisas. A greve é um mecanismo legitimo, mas já está banalizado. E, além disso, ela não é um fim a se chegar e não mais um meio para se chegar a algo. É claro que há uma pauta pré-estabelecida antes da greve, fato que a coloca como meio para alcançar tal pauta, mas creio que esta muda ao longo do curso da greve, como já está acontecendo, e como aconteceu em 2007. É isso. Passar bem, e devo reconhecer que você é uma adversária (no bom sentido, isto é, no sentido de possuir opiniões divergentes das minhas) sensata, apesar de me ter chamado de bunda mole e de ter considerado minha opinião como senso comum. Espero que após essas longas discussões eu tenha dissipado tais opiniões.
Ufa!!! Parabens pelo discurso Joana mas não me convenceu ja ouvi isso nas assembléias é desgastante, muito bonito porem muito teórico, diga-me algo mais realista, mais pé no chão por favor, um forte abraço B-M (bunda mole)
estudante, realmente as assembléias são horríveis, imorais, cheias de manobras, de mentiras, tudo isso que vc falou sem tirar nada, realmente vergonhosas. Por isso, no final das contas, nós concordamos em uma coisa: o problema do movimento estudantil são os pelegos!
Ok eu li tudo! Foi bem cansativo... pois então tentarei ser breve..
Primeiro queria me dirigir a Joana, eu gostei da maior parte do seu discurso, embora discordar em alguns pontos, só queria dizer o problema do movimento estudantil e das assembleias é o mesmo da esquerda nacional, está perdida sem um grande rumo e objetivo, assim suas atividades muitas vezes terminam num processo de auto-flagelação.
Depois Estudante, sua tentativa de tentar se achar inteligente citando grandes autores e livros beira o ridiculo! Um ser realmente inteligente, lê grandes autores sim! Porém os tenta compreender e formar uma opinião PROPRIA!
O que nos remete ao que eu realmente pretendo dizer aqui, é ridiculo como as fatos chegam ditorcidos na mídia! Nunca é citado a demissão do brandão, repressão da PM, sempre tentam resumir a greve ao moravelmente questionavel aumento salárial.
E o pior que pessoas como você estudante, meros reprodutores de conhecimento, sem tendência a criticar o senso comum, engolem toda a "verdade" que lhe é dita pela mídia, e as defendem firmimente, mesmo sem ter fatos para isso, e essa é maior repressão de todas...
Figuera, Só me resta uma coisa a lhe dizer: PARABÉNS, você é o dono da verdade e conhece a realidade. De fato, minha tentativa fracassou. Você descobriu tudo. E de fato, você há de concordar com a joana, e todos aqueles que enxergam a realidade desta forma, aqueles se distanciam da corrente marítima do movimento estudantil é bunda mole, é senco comum, é pelego. Enfim, mas pelo menos não estou indo na maré dos estudantes do movimento. Em 2007, eu li os decretos do Serra na íntegra. Você os leu? Eu consultei a lista dos processos do Brandão no site do Diário Oficial, e confesso que não é pequena, e também confesso que ele foi demitido por razões políticas. Você leu os processos pelos quais o Brandão foi demitido? Por fim, essa sua concepção de achar que você é o CERTO não condiz com o movimento estudantil e nem com o espaço público, pois o consenso público e democratico se chega pelo debate e não afirmando que alguém possui a verdade! Já o debate pressupõe a diversidade de opiniões, as quais podem não ser tão nobres quanto a sua, e as quais podem surgir de pessoas que não detem um esmero tão grande quanto ao seu pela causa do interesse público; mas esse seu entronamento não lhe dá o direito de se autor-afirmar como o dono da verdade. Sinto muito, eu sei que isso irá lhe frustas, afinal, quando se tira o pirulito da criança ela tende a chorar. E desculpe o meu sarcasmo: foi a única forma que eu encontrei de responder a sua acusação à altura e de forma que eu lhe respeitasse. E para não lhe ofender, como eu lhe respeito, eu omiti os autores que estão por trás dessas idéias! Passar bem!
Sim Joana, concordamos num quesito, mas discordomos de muitos outros. Enfim, creio que isso é produtivo. Este debate, e pessoas dispostas a abandonar suas posições originais, pois alguém lhes demonstrou o contrário. Só nos resta entregar na mão de Deus, já que não posso citar mais autores, pois as pessoas irão achar que eu quero me glorificar ou algo do tipo. Passar bem!
Entenda estudante meu querido, não é você que é o bunda-mole, você é maioria! Somos nos que somos os deliquentes, marginais, rebeldes sem razão, você não tem do que reclamar.
Também nunca, mas NUNCA afirmei que tinha verdade, não! A verdade está com vocês! É claro, sem sarcasmo. A verdade deve ser aquilo aceito pela maioria, e a maioria são vocês.
O que eu tenho é a sede da verdade que está por tráz daquilo que é dito e repito por muitos... Desculpe se eu não consigo aceitar que tudo está perfeito, lindo e feliz do jeito que está, e que nada precisa mudar... o que eu quero é lutar por algo melhor.
Eu posso (e é o mais provável) nunca alcançar essa verdade, mas isso não me impedirá de tentar.
Porque? Talvez seja pela culpa que eu sinta por todos aqueles que nem tiveram a chance de crescer em um ambiente saudável, como eu cresci, ou talvez simplesmente porque, essa seja minha ideologia!
Afinal como já disse Cazuza: "Ideologia, eu quero uma para viver"
Desculpe se fui introspectivo de mais, ou se te confundi com a citação.
Ufa!!! Acho que minha faculdade não faz parte desta palhaçada (bonequinhos de manobra), pois, As aulas CONTINUAM!!!!!
ResponderExcluirForça companheiros!!! Infelizmente, eu me encontro fora do Brasil agora. Fora PM do campus!!! Solidariedade a greve!!!
ResponderExcluirSaudações de luta, Sean Purdy
Professor, DH/FFLCH
Gostaria de lembrar o motivo pelo qual a PM está no campus: "As negociações foram suspensas no dia 25 de maio após um grupo de cerca de 30 alunos invadir o prédio da reitoria da USP. Os universitários permaneceram no local por cerca de cinco horas e, segundo a reitoria, arrombaram portas e quebraram janelas. Prejuízos que podem totalizar R$ 10 mil, de acordo com a universidade."
ResponderExcluirPara evitar coisas desses tipos.
PARABÉNS PELA DEFESA DO ESPAÇO PÚBLICO!
É essa imagem que vocês passam à sociedade civil...
Ah, e por favor, tenham escrúpulos: não deletem meu comentário, afinal a mesma constituição que garante o direito à greve, também garante o meu direito à livre expressão!
ResponderExcluirABAIXO A REPRESSÃO REALIZADA PELO MOVIMENTO ESTUDANTIL!
Aluisior e Oestudante:
ResponderExcluirdeixem de covardia. venham para a ssembléia e coloquem suas posições!
bando de bunda-moles!
carlos
Prezado Carlos,
ResponderExcluirNão compareço às assembléias por alguns motivos bastantes plausíveis:
1. preciso me sustentar;
2. Assembléia de estudantes não é um espaço de debate público, pois se o fosse, as propostas não seriam discutidas atrás da mesa. Além disso, a liberdade "positiva" (espero que você conheça este termo, caso contrário leia Isaiah Berlin, "Dois conceitos de liberdade") que impera em tal espaço é de tamanha autoridade que impede a possibilidade de haver qualquer diversificação de opiniões; requesito este, vale lembrar, ESSENCIAL para a existência de uma debate público legítimo!
3. e por fim, assembléias estudantis, tais como ocorrem na usp, são extremamente repressivas, na medida em que se houvee um pequeno desvio da conduta dos "verdadeiros interesses comuns dos estudantes", as pessoas portadoras de tal desvio serão rechazadas. Tal como você acabou de fazer ao me ofender e me chamar de "bunda mole"!
Portanto, "companheiro" ou "colega" Carlos, creio que demonstrei para você que o motivo pelo qual não compareço nas assembléias não é o fato de eu ser um "bunda mole", mas sim devido ao fato de vocês fazerem TUDO, menos a defesa do espaço público!
Passar bem!
Caros, como disse no meu post anterior, em minha faculdade as aulas continuaram. Então, tenho que estudar pois estou aqui para isso e é para isso que os brasileiros pagam minha permanencia alem disso , como Oestudante, trabalho. Tambem, o que vi em poucas assembleias que ASSISTI foi um bando de revolucionários vestindo Lacoste, cheirando a Armani e fumando LA (Eu chamo de comunas de boutique), discutindo como manter a anarquia estudantil como se estivessemos nas decadas de 1970 e 1980. Com tudo isso, e alem disso se alinham ao sintup - Um bando baderneiro e politico que usam a causa justa dos funcionários para se promoverem - o que aumenta ainda mais o descredito do DCE junto a mim e á maioria dos estudantes da USP. Enfim por isso e para não participar deste tosco espetaculo não participo - eu e 90% ou mais dos estudantes da USP -, um forte a braço e bunda-mole
ResponderExcluirestudante e Aloisio,
ResponderExcluirtambém sou estudante e esse é o meu trabalho, pois recebo uma bolsa para fazer pesquisa. Eu faço muito bem esse trabalho, mas me dedicar aos estudos não significa que eu deva ficar alheia aos problemas da nossa sociedade, pelo contrário, acredito que minha situação exija de mim uma análise e divulgação desses problemas pra essa mesma sociedade. Como estudante, eu tento ir além do senso comum, o que claramente não está acontecendo com vcs dois.
Em primeiro lugar, repressão não é só aquela feita no braço, pois hoje vivemos uma repressão disfarçada que faz com que todos achem ela uma ilusão. Leis são impostas de maneira unilateral, sem discussão pública; o sistema jurídico tem uma autonomia que sobrepuja as decisões democráticas, impondo interesses de grupos da elite; uma censura velada, mesmo uma auto-censura, destruiu o potencial crítico da grande imprensa; os planos de carreira e os programas de qualidade do mundo corporativo impossibilitam a formação de sindicatos e a autonomia da classe trabalhadora. Na televisão, nos jornais, nas relações de trabalho, nas entrevistas de emprego, na publicidade, em todos os lugares, nos é imposto um modelo específico de ideologia baseado nos mitos da valorização do trabalho e do crescimento econômico, que estão em flagrante contradição com as condições do planeta. Um exemplo aqui da usp: em nome da "segurança", colocamos grades, câmeras, aumentamos o contingente policial, mas isso não faz mais que excluir os pobres de onde a classe média circula: segurança = não pobres. Sabia que há alguns anos, nos finais de semana, a usp se tornava um grande parque, lotado de famílias que vinham se divertir? Hoje, só quem tem carteirinha entra nos fins de seman, e é esse o "espaço público" que vocês tanto reinvidicam e "defendem" das manifestações e que, obviamente, não é de fato público. Na fflch, onde havia diversas mesas em espaços abertos, elas foram todas arrancadas, e hoje o estudante tem duas opções: vai para a sala de aula ou vai pra casa. Não há espaço pra contato, pra discussão, pra lazer com os amigos(que então vão se encontrar no shopping, ou num bar da vila madalena) o que só intensifica o individualismo e o consequente egoísmo que leva, por exemplo, a encararmos um espaço como o dce como um mero instrumento de conseguir aluguéis, e uma pequena sala em que a burocracia estudantil faz os seus trâmites duvidosos. Pra que mais, não é? Se tudo fica muito bem com cada um levando a sua vida e os que tem autoridade decidindo os assuntos comuns...
Em segundo lugar, mesmo pra quem acha que tudo está bom como está, a situação não está normal: os funcionários tiveram um dirigente político demitido, que claramente serve de laranja e de exemplo para outros militantes dos funcionários, sem contar que isso abre precedente para outras demissões políticas, mesmo jubilamento de estudantes. Mais de 5200 deles estão para ser demitidos, devido a problemas no seu processo de contratação. O plano de carreira abre caminho para a dissolução da organização sindical e é mais um passo para a extinção dessa classe, que já está em processo de desaparecimento. Assim, restarão, como será muito confortável pra quem quer constantemente atendidos o seu direito de circular e bandeijão, somente funcionários terceirizados, sem a mínima autonomia para lutar por suas condições de trabalho. Enfim, a tropa de choque entrou no campus. Aqui não é repressão velada não, é óbvia mesmo, pois eles entraram pra impedir o piquete, uma atividade legítima de greve, que estava acontecendo todos os dias na porta da reitoria. esse tipo de reação não ocorre há muito tempo, desde a ditadura, para ser mais clara. E pra quem acha essa aproximação com a ditadura absurda, como o Aloisio, que fique sabendo que também na ditadura (em que a repressão é um consenso pra nós hoje) a classe média não apoiava os esquerdistas; a maioria, como vcs hoje, era contra as manifestaações e a favor da intervenção violenta da polícia. Bem, se as coisas não estão normais, devemos agir como se elas estivessem normais, para assim as tornar normais? Alguém tem que discutir, alguém tem que expor os problemas, alguém tem que colocar um motivo de reflexão nessa cabecinha de vocês, se não, veja o que vira: "polícia vai em prédio da história a pedido de estudante que não conseguiu entrar nas salas devido à piquete". Muito normal usar a violência contra quem ameaça a nossa normalidade... É porque não está normal que devem ser feitas ocupações, fechamento de ruas, etc. Te garanto, estudante, muito mais dinheiro público é gasto com a exclusão de pobres que com uma ocupação da reitoria.
ResponderExcluirPra terminar, sobre as assembléias e o movimento estudantil. Eu não faço parte de nenhuma organização política e conheço somente há três anos o movimento estudantil. Na minha opinião, ele é um movimento decadente, mas não por causa dos ideias de esquerda, e sim pela falta deles. Gande parte dos militantes, mas de modo nenhum todos, está muito mais preocupado com a carreira política que com os problemas estudantis, sendo que o discurso esquerdista é uma forma de promoção e a prática é toda orientada pela ideologia dominante a que me referi acima. É importante que o movimento estudantil mantenha uma posição esquerdista radical, não tanto para mudar o mundo, mas para contrapor, pra motivar discussão, pra mover a dialética, pra não permitir que todos achem que estamos vivendo no melhor dos mundos, que a competição e o individualismo são "naturais do ser humano" e que nós não podemos fazer nada em relação a problemas mais amplos.
Fazer o que, o movimento estudantil está no mundo real também, e não pode ser instantaneamente o que é idealizado por alguns militantes. As assembléias são uma bosta, e eu acho que sua estrutura deveria ser alterada radicalmente e urgentemente. Mas, quando se trata de questões importantes como a que estamos vivendo no momento, eu participo delas até o fim, não importa o quão maçantes e excludentes (pois poucos estudantes têm paciência pra essa atividade tão burocrática) elas sejam. Já vocês, não vão à assembléia por causa das coisas que falaram, vcs não vão porque acham que esse problemas não existem, e se existem, não dizem respeito a vcês. Com um discurso totalmente racional e pragmático, como não dar razão a vcs? Mas um pensamento lógico, que pode ser feito por uma máquina, não tem o alcance que tem um pensamento humanista. Vocês não vão às assembléias porque acreditam que basta a vocês levarem a sua vida, se formarem, e todo o resto que se exploda, vcs não vão às assembléias porque acham que não devem ser meter em questões que devem ser atribuídas a instâncias superiores. O argumento de que "ah, eu trabalho", "ah, eu não posso me expressar lá", "ah, não há diversidade de opiniões", não cola, pois se vcs defendem tanto um estado de direito, deveriam usar dos meio legítimos para lutar por ele.
ResponderExcluirAh, mais uma coisa. A causa dos funcionários é justa, não é, aloisio? Então, quem vc acha que deve lutar por elas? A sua fala contra o sindicato só revela o seu incômodo frente a uma organização que briga pelos seus direitos; qualquer outro grupo lutando por essa causa justa vc chamaria de bando de baderneiros.
Bem, espero que vcs tenham lido tudo. Só pra terminar, estudante, vc é um bunda-mole sim. Essa sua linguagem austera não revela mais que o muro que vc ergueu para se defender. Não falar seu nome, colocar um apelido de "o estudante" e achar que com isso representa os interesses de um grupo "procupado com coisas realmente importantes e fazendo bom uso do dinheiro público" só deve provar que você sim, e não eu que estou fazendo parte desse movimento de estudantes, faz parte de uma massa de carneirinhos homogênea, cega para sua própria condição reprimida.
Prezada Joana,
ResponderExcluirPrimeiramente irei insestir no respeito: por favor, não me ofenda, não me chame de "bunda mole", pois até o momento não ofendi uma pessoa neste ambiente virtual de debate. Além disso, a ofensa acarreta no medo, e já que você também estuda, deve terl lido em Cícero que o medo é completamente prejudicial à manutenção do espaço público (concepção esta, pelo menos segundo o meu entendimento, REPUBLICANA). Talvez devido ao medo eu não assine com o meu nome, e talvez devido ao medo eu não compareça às assembléias. A propósito, grandes ativistas políticos assinavam seus documentos com nomes falsos, em virtude do medo da repressão. Portanto, essas pessoas eram "bundas moles"? Não que eu seja um grande ativista política, pelo contrário, e segundo vocês, sou apenas um "bunda mole" egoísta que se preocupa com seus próprios interesses. De fato, é este o esteriótipo que o movimento estudantil cria das pesoas que se desviam da conduta esperada!
Mas, iremos ao que interessa, de tal forma que discutir apenas sobre mim ou sobre sua falta de respeito perante aos colegas que compõe o espaço público (vale lembrar que o vínculo da amizade é a coesão do espaço público) é irrelevante.
Quanto ao fato de eu permanecer alheio aos fatos que ocorrem e quanto ao fato de eu precisar diagnosticar à sociedade os problemas existentes, irei lhe responder da seguinte forma. Primeiramente, eu conheço várias pessoas do movimento estudantil que não pretendem fazer licensiatura, e portanto, não pretendem ministrar aulas nas escolas públicas. Fique sabendo que isso faz parte do meu plano de vida. Creio que desta forma irei contribuir com a sociedade.
Infelizmente não sou tão bom (quanto você) em ser um excelente estudante, e, portanto, ser capaz de diagnosticar os verdadeiros problemas da sociedade, e portanto dizer a ela o que ela precisa ou não. E não estou inventando essa sua capacidade: você mesma afirmou ser boa no que faz!
Quanto à repressão, posso dizer, infelizmente, que já senti na pele repressão policial. E ao dizer isso, não quero me glorificar ou mesmo que sintam pena de mim. Como Kafka falava, o sofrimento é um processo que todos devem passar, e o errado está justamente em querer se glorificar ou querer que sintam pena de você por isso. Eu já tive arma apontada na minha cara de Policial Civil, e inclusive já tomei uma "coronhada" nas minhas costelas. Portanto, sou contra PM no campus.
Eu sabia sim que alguns anos a sociedade civil frequentava a USP. Inclusive foi na ESALQ-USP que eu aprendi a andar de bicicleta e de patins. Hoje já não é possível pois proibiram. Mas há motivos: houve uma série de estupramentos na ESALQ-USP. Eu realmente gostaria de ver você fazendo esse discurso às familias e às moças que foram violentadas sexualmente devido a ausencia de segurança. Portanto, sou a favor de mais seguraça na USP, mas não da PM, e talvez não de cameras. Talvez uma Guarda Universitária realmente preparada e em grande quantidade, como ocorre na ESALQ-USP.
Quanto ao individualismo, egoismo, alienação que imperam na sociedade, e mesmo ao senso comundo no qual, segundo você, minhas opiniõe se inspiram, é algo muito mais dificil de se encontrar remédios. Com certeza um remédio seria a participação política, por meio de debates públicos em espaço públicos. Para tanto, é essencial a existência de transparencia do debate, a observancia das leis da manutenção de tal debate e de tal espaço, e uma liberdade cujo caráter seja a ausencia de interferencia de poder arbitrario em tal debate e tal espaço. Esses seriam, grosso modo, os remédios que eu acredito que poderiam ajudar a solucionar tal problema. Mas, como você mesma disse, tal opinião é senco comum, e portanto Maquiavel, Cícero, Harrington, e, contemporaneos como Quentin Skinner e Pittit, possuem uma visão de senso comum! Que pena, eu gostava tanto desses autores! Pelo visto o único que conhece a única e verdadeira realidade é Karl Marx! Mas teremos cautela, não falemos muito na realidade, pois vai que ela resolva aparecer de fato, e daí...tudo pode se complicar!
ResponderExcluirDe fato, esse é o grande defeito do movimento estudantil: vocês acham que conhecem a unica e verdadeira realidade. Por isso, você me considerou uma pessoa alienada, egoista, individualista e de senso comum, e também um "bunda mole". Na medida em que as pessoas se afastam da matéria humana que vocês acreditam fielmente em ser a única e verdadeira, vocês consideram tal pessoa possuídora de tais adjetivos e muitos outros que seriam inapropriados reproduzi-los aqui!
Eu não represento grupo algum que acredita saber qual o melhor lugar para gastar o dinheiro público. A propósito, devo agradecer o elogio: você enxergou austeridade e frugalidade a onde não há, e também enxergou astúcia de mais no meu dizer. Confesso que gostaria de ser uma pessoa mais austera e mais astuta...Mas não o sou! Se fosse austero não estaria aqui perdendo tempo escrevendo a você, mas estaria tomando conta dos meus investimentos. E se fosse astuto, com certeza eu estaria nas assembleias promovendo minha carreira política!
estudante,
ResponderExcluirDevo lembrar que vc nem sempre foi tão respeitoso assim: em caixa alta apoiou a entrada da PM (diferente do que faz agora), ridicularizou o discurso em defesa do espaço público e reforçou a repressão feita pelo movimento estudantil. Bom, é fácil perceber que depois que a discussão engatou e vc pôde sair desses clichês do senso comum, esses argumentos caíram por terra e você pôde partir para um discurso mais estético do que político, consequentemente mais “pacífico”. Vejamos: em relação à entrada da PM, que vc defendia antes, acho que agora estamos de acordo; em relação à repressão e ao espaço público, creio que a minha resposta anterior não foi contradita pela sua, pelo contrário, o seu argumento em favor da “segurança” e a justificativa do estrupamentos não fez mais que reforçar os meus argumentos anteriores. Com relação à repressão do movimento estudantil, do que vc tem medo? De ser caçado, estuprado, assassinado pelo Brandão (pode acreditar, as fofocas sobre ele chegaram a isso)? Você está com medo de muitas coisas e isso se relaciona com a questão da repressão também. É justamente esse seu medo que justifica e legitima ações de repressão e autoritarismo, que agem em nome da “proteção” da população “de bem” contra “ameaças” de diversos tipos. Esse medo te faz buscar uma situação cômoda, confortável, passiva e cínica, na medida em que vc ornamenta seu discurso favorável à repressão imposta pela “ordem” com toques de sutil ironia. Para você, casos de estrupo são suficientes para legitimar a expulsão da população de baixa renda de um espaço que é público, DE TODOS. Você já parou pra pensar que tal medida repressiva não irá acabar com a causa dos estupros? Que mesmo que cerquemos todos os espaços dotados de alguma beleza paisagística, o medo irá persistir? O medo do movimento estudantil e dos funcionários justifica, então, a entrada da polícia? Seria a entrada da polícia, na sua opinião, um mal necessário, nesse caso? Parece que sim.
Bem, lembremos que, uma vez que vc está do lado do estado, não deve ficar com medo de ser perseguido pela polícia, então é totalmente tendencioso querer comparar a sua situação com a de ativistas políticos. Fique sabendo que na última assembléia, que não teve aquelas repetitivas falas antes das votações, decisão tomada na hora pela assembleia, cada prosposta teve 14 minutos de defesa, e na proposta de greve, três pessoas foram até lá e defenderam contra a greve. Foram inicialmente rechaçados, mas rapidamente o ridículo da situação de prostetar contra eles fez com que todos ouvissem calados, e suas questões foram respondidas e discutidas pelas pessoas que defendiam a greve. Garanto a você: eles saíram de lá inteirinhos. Então tá, se você não aceita o eufemismo de “bunda-mole”, vou usar o termo que uma das pessoas que falaram contra greve usou, justamente pra se referir àqueles que eram contra todas essas manifestações e não se manifestavam às claras, mas nos corredore e em blogs: “covarde”.
O verdadeiro problema, estudante, não está no fato de quem faz parte do movimento estudantil ter uma visão limitada dos que não fazem, mas justamente o contrário. Veja bem, eu não faço parte do que você chama por esse conceito reificado de “movimento estudantil”, inclusive não me indentifico nem um pouco com politiqueiros e burocratas que contribuem pra essa imagem de monobloco, sou uma estudante comum, dedicada, conservadora em alguns aspectos, meu contato com as questões do movimento estudantil foi casual e minha identificação com algumas delas são sem o intermédio de uma bíblia ou de uma legenda. Ainda assim, apóio a greve, apóio a ocupação do dce, apoiaria a ocupação da reitoria, se ela acontecesse, e sou contra a repressão, sobre o que já discutimos. E, por isso, você insiste em dizer que eu tenho uma crença monolítica, uma atitude autoritária e um preconceito cego e irredutível contra quem pensa o contrário de mim. Pois, justamente por eu participar das minhas atividades cotidianas de estudante, eu tenho muito mais contato e amizades com quem pensa diferente de mim, pessoas que tem um pensamento próximo do seu, do quem com quem pensa parecido comigo nesses aspectos, pois eu te garanto que a esmagadora maioria das pessoas pensa muito mais como vc do que como eu (lembrando, nesses aspectos que estamos discutindo aqui), e meus colegas não são estereótipos para mim, são pessoas. É muito mais compreensível que alguém que nunca foi numa assembléia, numa reunião de discussão, numa festa no dce ocupado, que nunca está em nenhum protesto, não lê os boletins dos movimentos dos estudantes, dos funcionários, etc, tenha uma visão um distorcida das pessoas que participam dessas atividades, para vc, “um bando de baderneiros”. Se vc tivesse um conhecimento superficial de Marx, como tem dos autores que vc citou, saberia que as coisas que falei não são muito condizentes com as idéias dele...
ResponderExcluirDaqui, nós partimos pra uma questão importante: vc me acusou de acreditar que eu possuo toda a verdade (vamos falar de mim, já que essa reificação do movimento estudantil já pode ser abandonada). Pois bem, eu não acredito nisso e valorizo muito o pensamento relativista que aprendi a ter aqui na faculdade, que inclusive me ajudou a chegar a muitas das reflexões que falei pra você. Como eu disse muito claramente, a importância do radicalismo do movimento estudantil, na minha opinião (e alguns dos meus colegas que fazem parte do movimento estudantil não devem concordar com isso) não está na tentativa de fazer a revolução, mas está no seu papel (e acho que podemos concordar que esse é de fato um papel dos estudantes e mesmo da juventude, ainda não calejada pelo pragmatismo das relações sociais) de se contrapor a uma ideologia dominante, de mover a roda da dialética, de mostrar contradições muitas vezes veladas pela própria estrutura social e pelo aparato ideológico que a sustenta (como é o caso da repressão, de que falei nos tópicos anteriores). Assim como essa ideologia dominate não é uma verdade única, também não o é a sua antítese, e nem mesmo é possível uma só antítese. Acredito que somos todos homens históricos, nossas crenças e ideais têm caráter contingente, mas ainda assim elas não deixam de ser universais na medida em que alcançam resposta em todos os homens da nossa sociedade, bem como nas suas instituições, e na medida em que são elas mesmas respostas às minhas experiências, todas tendo lugar nessa cultura em que nasci. Ao contrário de você, não acho que porque grandes pensadores foram grandes pensadores que suas idéias devem ser corretas (veja bem, não entenda isso de maneira absoluta, a noção do que é correto, sabemos, é infinitamente maleável e condicionada historicamente) por isso, se Cícero e Maquiavel são autores que contribuíram para formar a base do senso comum de hoje (com o que vc concorda comigo), isso não diminui em nada o valor desses autores no quadro do pensamento ocidental. Pelo contrário, os torna mais importantes, uma vez que suas idéias estão ainda muito vivas entre nós. No entanto, isso não impede que ataquemos esse senso comum, ao invés disso, pede que tentamos avançar cada vez mais para além dele, pois nenhum desses autores ficou preso ao senso comum de sua época, e assim fizeram história.
ResponderExcluirPrimeiramente, não acusei você de nada. Apenas derivei uma conseqüência lógica do seu argumento. Mesmo porque, acusar você de algo seria um equívoco da minha parte, haja vista ao fato de eu mal lhe conhecer – de não lhe conheço apenas virtualmente.
ResponderExcluirSegundamente, creio que eu tenha dado margens a interpretações errôneas. Não acredito que Maquiavel, Cícero, Hobbes, Marx, etc. são autores que contribuíram para criar a base do senso comum de hoje. Mesmo porque, para eu acreditar nisto, eu devo ter um conhecimento muito amplo do que é esse bendito “senso comum” e um conhecimento muito amplo desses autores – infelizmente, até o momento, não possuo nem um nem outro, e espero um dia chegar próximo. Mas uma coisa eu acredito: a contribuição de Maquiavel, de Cícero, de Harrington, Aristóteles, enfim, todos os pensadores que podem, grosso modo, serem considerados Republicanos, suas contribuições são muito rarefeita na sociedade de hoje, pelo menos no que diz respeito à concepção que esses autores tinham de liberdade, de lei, de espaço público, etc. É claro que você poderá apontar exceções, e encontrará ecos de Maquiavel na sociedade contemporânea – afinal, as pessoas adquiriram o hábito de ler Maquiavel como autor de auto-ajuda. Mas são exceções! Creio que a sociedade de hoje seja marcada muito mais por valores liberais. Mas enfim, isso é apenas uma divergência acadêmica, e creio que dificilmente chegaríamos a um acordo, uma vez que você parte do ponto de vista marxista e eu do ponto de vista republicano. O seu grande Marx matou a política, na medida em que ele subordinou tudo à estrutura material da sociedade. Mas não quero discutir sobre isso, mesmo porque meu conhecimento em Marx é bastante escasso.
Muito do que você falou, eu concordo, e concordaria com muito do que o movimento estudantil me falaria. E não me sinto mal em concordar com você ou mesmo em dar razão a você em alguns quesitos – como, por exemplo, o rechaço à presença da PM, como ser contra ao individualismo, ao egoísmo, à lógica pragmática... Sou contra também aos desperdícios do dinheiro público, em jardinagens...
Nossa divergência creio eu, está nos remédios para solucionar tais problemas. Gostaria de contar um fato que presencie: nunca fui muito atento ao desenrolar das assembléias das ciências sociais, mas depois que um amigo meu (do movimento estudantil) me contou que muitas das propostas decididas em assembléias são discutidas atrás da mesa, ou mesmo no desenvolver da própria assembléia, quando os representantes dos diversos partidos ou grupos políticos conversam com as pessoas que compõe a plenária para votar em tal proposta e não na outra, ou mesmo quando a própria mesa decidi o que será votado ou não, ou mesmo quando se espera até tarde para esperar a assembléia esvaziar e assim votar as propostas, enfim, depois que meu amigo me contou todas essas práticas, eu comecei a observar e fui capaz de enxergar isto com meus próprios olhos. Inclusive, houve um dia, na última assembléia, que eu presencie pessoas da atual gestão do CEUPES discutindo sobre a vindoura assembléia (que naquele momento não ocorrera ainda), e, muito provavelmente, estavam discutindo sobre possíveis propostas. Ou seja, de acordo com tais práticas, as assembléias são tudo, mas não são debates públicos!
Você pode ter certeza que eu me sinto muito mal em não poder participar das assembléias, e em não poder mudar isso. Mas o que você acha que iria acontecer comigo se eu pegasse o microfone, em plena atmosfera de greve, e falasse que a greve tal como estava sendo construída não era legítima, pois não era de fato PÚBLICA! E não era, e não é pública, devido ao uso de tais mecanismos, e ao fato de não haver publicidade no debate. Você sabe quais foram as justas causas que o Brandão foi embora? Eu descobri depois de acessar o site do Diário Oficial! Eu também sei que foi demissão política.
ResponderExcluirEnfim, a nossa maior divergência está no fato de você acreditar que a política é um espaço de interesse (se eu estiver errado me corrija, mas é a concepção de Marx da política), de quem tem mais recursos para prevalecer seus interesses sobre os outros. Além disso, sou contra a existência do poder oculto, ou seja, de decisões, dotadas de poder, tomadas na calada da noite, sem haver publicidade. Como eu afirmei: quanto maior obscuro e oculto o poder, mais ele será arbitrário. E tenho certeza que as decisões da reitora são ocultas, e não há publicidade. A pergunta que se coloca é o que fazer? Para mim deveria haver instituições que pudessem canalizar os conflitos, e pudessem dar publicidade total às decisões. E outras coisas. A greve é um mecanismo legitimo, mas já está banalizado. E, além disso, ela não é um fim a se chegar e não mais um meio para se chegar a algo. É claro que há uma pauta pré-estabelecida antes da greve, fato que a coloca como meio para alcançar tal pauta, mas creio que esta muda ao longo do curso da greve, como já está acontecendo, e como aconteceu em 2007.
É isso.
Passar bem, e devo reconhecer que você é uma adversária (no bom sentido, isto é, no sentido de possuir opiniões divergentes das minhas) sensata, apesar de me ter chamado de bunda mole e de ter considerado minha opinião como senso comum. Espero que após essas longas discussões eu tenha dissipado tais opiniões.
Ufa!!! Parabens pelo discurso Joana mas não me convenceu ja ouvi isso nas assembléias é desgastante, muito bonito porem muito teórico, diga-me algo mais realista, mais pé no chão por favor, um forte abraço B-M (bunda mole)
ResponderExcluirestudante, realmente as assembléias são horríveis, imorais, cheias de manobras, de mentiras, tudo isso que vc falou sem tirar nada, realmente vergonhosas. Por isso, no final das contas, nós concordamos em uma coisa: o problema do movimento estudantil são os pelegos!
ResponderExcluirOk eu li tudo! Foi bem cansativo... pois então tentarei ser breve..
ResponderExcluirPrimeiro queria me dirigir a Joana, eu gostei da maior parte do seu discurso, embora discordar em alguns pontos, só queria dizer o problema do movimento estudantil e das assembleias é o mesmo da esquerda nacional, está perdida sem um grande rumo e objetivo, assim suas atividades muitas vezes terminam num processo de auto-flagelação.
Depois Estudante, sua tentativa de tentar se achar inteligente citando grandes autores e livros beira o ridiculo! Um ser realmente inteligente, lê grandes autores sim! Porém os tenta compreender e formar uma opinião PROPRIA!
O que nos remete ao que eu realmente pretendo dizer aqui, é ridiculo como as fatos chegam ditorcidos na mídia! Nunca é citado a demissão do brandão, repressão da PM, sempre tentam resumir a greve ao moravelmente questionavel aumento salárial.
E o pior que pessoas como você estudante, meros reprodutores de conhecimento, sem tendência a criticar o senso comum, engolem toda a "verdade" que lhe é dita pela mídia, e as defendem firmimente, mesmo sem ter fatos para isso, e essa é maior repressão de todas...
Figuera,
ResponderExcluirSó me resta uma coisa a lhe dizer:
PARABÉNS, você é o dono da verdade e conhece a realidade. De fato, minha tentativa fracassou. Você descobriu tudo. E de fato, você há de concordar com a joana, e todos aqueles que enxergam a realidade desta forma, aqueles se distanciam da corrente marítima do movimento estudantil é bunda mole, é senco comum, é pelego. Enfim, mas pelo menos não estou indo na maré dos estudantes do movimento. Em 2007, eu li os decretos do Serra na íntegra. Você os leu? Eu consultei a lista dos processos do Brandão no site do Diário Oficial, e confesso que não é pequena, e também confesso que ele foi demitido por razões políticas. Você leu os processos pelos quais o Brandão foi demitido?
Por fim, essa sua concepção de achar que você é o CERTO não condiz com o movimento estudantil e nem com o espaço público, pois o consenso público e democratico se chega pelo debate e não afirmando que alguém possui a verdade! Já o debate pressupõe a diversidade de opiniões, as quais podem não ser tão nobres quanto a sua, e as quais podem surgir de pessoas que não detem um esmero tão grande quanto ao seu pela causa do interesse público; mas esse seu entronamento não lhe dá o direito de se autor-afirmar como o dono da verdade. Sinto muito, eu sei que isso irá lhe frustas, afinal, quando se tira o pirulito da criança ela tende a chorar.
E desculpe o meu sarcasmo: foi a única forma que eu encontrei de responder a sua acusação à altura e de forma que eu lhe respeitasse.
E para não lhe ofender, como eu lhe respeito, eu omiti os autores que estão por trás dessas idéias!
Passar bem!
Sim Joana, concordamos num quesito, mas discordomos de muitos outros.
ResponderExcluirEnfim, creio que isso é produtivo. Este debate, e pessoas dispostas a abandonar suas posições originais, pois alguém lhes demonstrou o contrário.
Só nos resta entregar na mão de Deus, já que não posso citar mais autores, pois as pessoas irão achar que eu quero me glorificar ou algo do tipo.
Passar bem!
Entenda estudante meu querido, não é você que é o bunda-mole, você é maioria! Somos nos que somos os deliquentes, marginais, rebeldes sem razão, você não tem do que reclamar.
ResponderExcluirTambém nunca, mas NUNCA afirmei que tinha verdade, não! A verdade está com vocês! É claro, sem sarcasmo. A verdade deve ser aquilo aceito pela maioria, e a maioria são vocês.
O que eu tenho é a sede da verdade que está por tráz daquilo que é dito e repito por muitos... Desculpe se eu não consigo aceitar que tudo está perfeito, lindo e feliz do jeito que está, e que nada precisa mudar... o que eu quero é lutar por algo melhor.
Eu posso (e é o mais provável) nunca alcançar essa verdade, mas isso não me impedirá de tentar.
Porque? Talvez seja pela culpa que eu sinta por todos aqueles que nem tiveram a chance de crescer em um ambiente saudável, como eu cresci, ou talvez simplesmente porque, essa seja minha ideologia!
Afinal como já disse Cazuza: "Ideologia, eu quero uma para viver"
Desculpe se fui introspectivo de mais, ou se te confundi com a citação.